Eu sei que esse assunto já foi tratado neste blog, mas fiz um artigo para enviar ao jornal local, e gostaria de compartilhar com vocês que são parte da população não alienada deste país.

Uma criança é assassinada a cada dez horas no Brasil. Em seis anos, o Ministério da Saúde registrou 5.049 homicídios de meninos e meninas com idades até 14 anos. Os números foram levantados pelo Jornal ´O Globo´ na base de dados do SIM (Sistema de Informações sobre Mortalidade) e correspondem aos seis últimos anos divulgados entre 2000 e 2005. Nem os bebês de até um ano escapam da brutalidade. Só em 2002, foram assassinados 90 bebês no Brasil. E nem estou falando de outros tipos de morte, como por exemplo, a desnutrição (leia-se fome).

Então por que tanto alarde sobre o caso de uma menina de cinco anos assassinada?

Enquanto a mídia sensacionalista se delicia com altos índices de ibope que este caso gera, diversas pessoas sentem-se revoltadas e tentam por em prática seu espírito humanitário. Engraçado, como no dia-a-dia, esse grandioso espírito de “santidade” simplesmente desaparece. Passamos por um menor abandonado e o ignoramos como se fosse um simples entulho a ser desviado.

É irônico como nossos corações podem se inflamar (e se revoltar) tanto de um momento a outro e sermos passivos na maior (e necessária) parte do tempo.

Não julguem que penso que este crime não deva ser punido. Os culpados serão achados (no meu senso já está mais do que provado quem foi o autor) e punidos (me pergunto se algumas técnicas “proibidas” de tortura medieval não seriam bem vindas para um caso hediondo como esse), mas vamos nos ater a realidade: Quais foram as conclusões das diversas CPIs que foram instauradas? O que ocorreu com os cartões coorporativos? E sobre o dossiê? E quanto ao aumento do auxilio salarial dos deputados? São essas questões sem resposta que simplesmente desaparecem, acobertados por furos de ibope.

Volto a dizer, devemos sim punir os culpados, de maneira justa, mas vamos parar de ser iludidos com “pão e circo”. Não devemos ser tratados apenas como uma “massa” de manobra que serve apenas para votar.